Felizmente nas últimas décadas o tratamento da insuficiência cardíaca evoluiu muito, possibilitando aos pacientes enorme ganho em expectativa e qualidade de vida. O tratamento consiste em medicamentos, medidas comportamentais e procedimentos como marca-passo ou cirurgias cardíacas incluindo transplante cardíaco.
Tratamento medicamentoso
Diversos estudos demonstrarem que alguns medicamentos são capazes de reduzir mortalidade, melhorar sintomas e reduzir hospitalizações, principalmente na insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida. Conheça os principais:
- Vasodilatadores: como o próprio nome diz, atuam dilatando os vasos sanguíneos, permitindo melhor performance do coração. Alguns exemplos: inibidores da enzima conversora da angiotensina (captopril, enalapril); bloqueadores do receptor de angiotensina (losartan, valsartan); inibidores da neprilisina e da angiotensina (sacubitril-valsartan ou entrestoR).
- Beta bloqueadores: é um dos medicamentos mais importantes para pacientes om insuficiência cardíaca de fração de ejeção reduzida. Tem efeito em reduzir o número de batimentos cardíacos por minuto e antagoniza ação de hormônios que são prejudiciais para o funcionamento cardíaco. Alguns pacientes podem apresentar certa piora de sintomas nos primeiros dias de uso – tenha paciência e tente não interromper o uso! Exemplos: carvedilol, bisoprolol (concor), metoprolol (selozok).
- Glifozinas: são medicações inicialmente desenvolvidas para diabetes, atualmente com benefícios demonstrados também para pacientes com insuficiência cardíaca. Seu mecanismo envolve perda de glicose na urina, resultado em maior volume urinário (efeito diurético). Também pode auxiliar melhora do funcionamento dos rins. Exemplos: dapagliflozina (forxiga), empagliflozina (jardiance).
- Antagonistas de mineralocorticóides: é uma classe interessante de medicações, que apresenta efeito diurético, aumenta os níveis de potássio no organismo, e assim como os beta bloqueadores, antagoniza efeito de hormônios que tem efeitos deletérios em pacientes com insuficiência cardíaca.
Tratamento cirúrgico
Alguns pacientes podem se beneficiar de tratamentos cirúrgicos para insuficiência cardíaca. Por exemplo, pacientes que apresentam obstruções graves nas artérias coronárias (ou seja, as artérias que nutrem o músculo cardíaco) podem ser candidatos a cirurgia de revascularização miocárdica (popularmente conhecida como ponte de safena ou mamária).
Outros pacientes podem apresentar lesões em valvas do coração (estruturas que regulam a passagem de sangue entre as câmaras cardíacas) e podem se beneficiar de cirurgias ou procedimentos por cateter para troca ou reparo dessas valvas.
Também existem pacientes que apresentam “bloqueios” que impedem que o estímulo elétrico que faz o músculo cardíaco contrair ocorra de maneira apropriada. Nesses casos é possível indicar um tipo de marca-passo conhecido com ressincronizador cardíaco. Ele pode ser associado ao cardiodesfibrilador – um tipo de marca-passo capaz de abortar arritmias potencialmente fatais.
Em último caso, para pacientes com doença grave e refratária, que não são candidatos ou não responderam aos demais tratamentos, pode ser indicado um transplante cardíaco.
Conclusão
O tratamento da insuficiência cardíaca é bastante complexo e envolve medicamentos, procedimentos cirúrgicos, marca-passo e eventualmente até um transplante. É comum que ao longo da vida, pacientes demandem diversas modalidades de tratamentos, que serão complementares. Devido a diversidade da doença, é fundamental que os pacientes sejam avaliados por um cardiologista especializado, que irá definir quais possibilidades de tratamentos que terão benefício de acordo com a causa da insuficiência cardíaca e fase da doença.
Dr Ciro além da formação em cardiologia clínica, tem subespecialização em Insuficiência Cardíaca e Transplante no Instituto do Coração (InCor – FMUSP) e atua como membro da equipe de Transplante Cardíaco do Hospital Albert Einstein.
Em caso de dúvidas, nossas equipe estará à disposição para te atender !
