Receber o diagnóstico de insuficiência cardíaca pode ser algo bastante impactante do ponto de vista psicológico. É comum que surjam dúvidas, aflições e medo.
Antes de qualquer coisa, saiba que ter insuficiência cardíaca não significa que seu coração “falhou” ou irá parar subitamente de bater. Significa apenas que ele não consegue desempenhar suas funções com a mesma eficiência.
Felizmente nas últimas décadas o tratamento da insuficiência cardíaca melhorou muito, possibilitando aos pacientes enorme ganho em expectativa e qualidade de vida. Ter uma boa relação com seu médico e estar informado e engajado com seu tratamento são aspectos fundamentais para que você viva melhor e tenho menor risco de ter complicações.
Descreveremos aqui 10 dicas para melhorar sua qualidade de vida:
1.Não interrompa seus medicamentos de uso contínuo.
Como dito anteriormente os remédios para tratamento de insuficiência cardíaca evoluíram muito. Todavia, a interrupção abrupta do seu uso pode piorar muito seus sintomas e causar um efeito rebote. Caso não se sinta bem com algum medicamento, comunique imediatamente seu médico ou sua equipe.
2. Não inicie nenhum medicamento novo sem avisar seu cardiologista.
Pacientes com insuficiência cardíaca geralmente fazem uso de diversas classes de medicamentos de uso contínuo. Introduzir um novo medicamento (mesmo que por períodos curtos) pode gerar interações adversas negativas. Por exemplo: o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (como ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco) em pacientes com insuficiência cardíaca pode resultar em piora abrupta da função do rim, retenção de líquidos e resultar até em hospitalizações.
3. Evita ingestão excessiva de líquidos.
Portadores de insuficiência cardíaca tem uma tendência de reter líquidos resultando em inchaço e falta de ar (devido ao acúmulo de líquidos no pulmão). Portanto, caso você tome uma quantidade de líquidos superior ao que seu coração tolere, pode apresentar piora dos sintomas. É comum que médicos prescrevam uma restrição hídrica de 1500 a 1200 mL de líquido por dia, que pode variar dependendo da gravidade de sua doença. Lembre-se que que nesta conta entram todos os líquidos que você ingerir durante o dia, e não apenas água (exemplo: café, chá, leite, sucos, sopas…)
4. Tenho uma balança e controle diariamente seu peso.
Essa dica está diretamente relacionada a anterior. Elevação rápida e inexplicada de peso (por exemplo, ganho de 1kg por dia) provavelmente é resultado de retenção de líquidos. Portanto, caso note variações abruptas em seu peso comunique seu cardiologista – provavelmente você necessitará de ajuste em suas medicações.
5. Evite ingestão excessiva de sal.
O excesso de sal, assim como de líquidos pode resultar em retenção de líquidos e piora de seus sintomas. Hoje estudos mais recentes demonstram que não são necessárias restrições muito rigorosas de sal, o que pode prejudicar muito a palatabilidade das refeições e resultar em desnutrição. Em nossa clínica, recomendamos uma ingestão inferior a 5g/sal por dia.
6. Controle a ingestão de potássio.
Alguns medicamentos importantes, usados no tratamento da insuficiência cardíaca resultam em elevação dos níveis sanguíneos de potássio. Portanto, caso você faça ingestão excessiva de alimentos que contém alto teor de potássio, seus níveis sanguíneos elevarão muito o que pode resultar em ocorrência de arritmias ou necessidade de suspensão dos medicamentos. Veja aqui a quantidade de potássio em diferentes alimentos, e quais deles evitar ou moderar o consumo.
7. Tenha uma dieta saudável.
Evite ingestão excessiva de gorduras, frituras, açúcares e alimentos industrializados. Estes alimentos resultam em ganho de peso e elevação de níveis de colesterol e glicose. Colesterol alto e diabetes frequentemente estão relacionados a insuficiência cardíaca.
8. Pratique atividades físicas.
Melhora do condicionamento físico, fortalecimento muscular e alongamentos são fundamentais para portadores de insuficiência cardíaca. Irão fazer você se sentir melhora e tolerar a realização de mais atividade no seu dia a dia sem se sentir cansado. Diversos trabalhos já demonstraram que a participação em um programa de reabilitação cardiovascular (exercícios físicos acompanhados por fisioterapeutas e médicos) resulta e melhora de qualidade de vida e redução de risco de hospitalizações.
9. Mantenha suas vacinas em dia.
Pacientes com doenças crônicas tem maior risco de complicações em casos de infecções virais com influenza, COVID e pneumonias bacterianas. Portanto tem prioridade garantida por para receber essas vacinas. Converse com seu cardiologista sobre encaminhamento para vacinação anual contra influenza e pneumonia.
10. Tenha um cardiologista com experiência em insuficiência cardíaca.
O tratamento da insuficiência cardíaca é bastante complexo e envolve medicamentos, procedimentos cirúrgicos e diversas medidas de autocuidado. Devido à complexidade e variedade de opções de tratamento, alguns cardiologistas optam por estender sua formação nesta doença, se especializando em insuficiência cardíaca.
Dr Ciro além da formação em cardiologia clínica, tem subespecialização em Insuficiência Cardíaca e Transplante no Instituto do Coração (InCor – FMUSP) e atua como membro da equipe de Transplante Cardíaco do Hospital Albert Einstein.
Em caso de dúvidas, nossas equipe estará à disposição para te atender !
